Cadastro Nacional de Adoção possui 29 casais inscritos na Comarca de Mossoró

"Não há nenhuma criança cadastrada. Existem, sim, menores de idade
acolhidos no Núcleo Integrado de Apoio à Criança (NIAC), que só podem
ser encaminhados para adoção após serem destituídos do poder familiar.
Quando são encontrados em situação de risco, a primeira coisa a ser
feita é tentar o retorno deles à família natural, e quando isso não é
possível, é iniciado o processo de adoção", explica a diretora de
Secretaria da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Mossoró, Érika
Bessa.
De acordo com a diretora, em alguns casos, a lei permite que a adoção
ocorra sem a necessidade da criança está inserida no CNA, como, por
exemplo, em situações onde a criança adotada é parente do interessado.
"A lei dispensa o Cadastro também quando a adoção é unilateral, ou seja,
o cônjuge deseja adotar o filho do parceiro, e ainda em casos onde a
pessoa já está com a guarda judicial da criança há mais de três anos",
conta.
As pessoas interessadas em adotar uma criança precisam inicialmente
se habilitar, através da apresentação dos seguintes documentos: RG, CPF,
Certidão de Casamento, ou de Nascimento (quando solteiro), comprovante
de residência, além do atestado de sanidade mental. Após a habilitação,
os candidatos devem participar de um curso de preparação psicossocial,
oferecido pela própria Vara da Infância e Adolescência.
"O tempo de duração do processo de adoção é muito relativo. Quando
não há nenhum tipo de incidente, em até seis meses todas as etapas são
concluídas. Mas cada caso é diferente, tem situação que a adoção ocorre
em até dois, três meses, e também em até três anos", revela Érika Bessa.
Segundo a diretora, estão agendadas na Vara da Infância e Juventude
15 audiências relacionadas ao processo final de adoção, sendo que como o
órgão está sem juiz titular em virtude do afastamento da juíza Anna
Isabel, que está em licença-maternidade, não há previsão de quando essas
audiências ocorrerão. "Além dessas audiências, existem outros processos
em tramitação na Comarca", destaca.
Em Mossoró, grande parte dos casais que busca a adoção deseja
crianças recém-nascidas. "Cerca de 90% das solicitações possuem esse
perfil, e também crianças de até um ano e meio", conclui Érika Bessa.
Apresentadora adotada relata experiência de também adotar uma criança
Aos sete anos, a apresentadora Jaciara Pereira descobriu que havia
sido adotada. Para ela, a revelação não causou impactos psicológicos nem
emocionais, e sim uma curiosidade, anos mais tarde, em conhecer sua mãe
biológica, o que acabou ocorrendo.
"Não carreguei nenhum peso por causa da adoção, até porque fui muito
amada pelos meus pais, fui abraçada por muita gente. Mas na
adolescência, queria conhecer minha mãe biológica, até para verificar se
ela parecia fisicamente comigo, acho que todas as pessoas adotadas têm
essa curiosidade, mas não houve sentimento nenhum no encontro, não havia
relação afetiva", conta.
Jaciara Pereira diz que no momento do reencontro fez inúmeros
questionamentos a respeito da gravidez de sua mãe biológica. "Não é uma
pessoa que eu queria mal, pelo contrário, tenho carinho por ela. E não
carreguei durante minha vida um sentimento de rejeição, abandono. Ela
mesmo diz que nunca quis me dar, mas as necessidades pediam isso",
argumenta.
O fato de ter sido adotada influenciou significativamente na
construção da família da apresentadora, que decidiu desde cedo que iria
também adotar uma criança, independente de ter ou não filhos biológicos.
Hoje, o pequeno Davi tem cinco anos de idade, e está sob os cuidados de
Jaciara Pereira e de seu marido desde quando tinha cinco meses.
"Do momento em que dei entrada no processo até adotá-lo foram apenas
três meses. No meu cadastro havia colocado que queria uma menina, de
zero a três anos, e uma semana antes de me ligarem avisando que haviam
encontrado a criança, sonhei que iria adotar um menino. Chegando ao
local da adoção, me disseram que tinha achado o meu filho, e eu
perguntei, 'como assim, filho?', e a responsável disse que tinha lido
menino na minha ficha, mas quando vi a criança me apaixonei e hoje Davi é
a razão da minha vida", relata.
Jaciara revela que, após o casamento, deu início a um tratamento para
engravidar, e descobriu que tanto ela quanto o marido não poderiam ser
pais. "O desejo de adotar já existia, e o destino nos pregou essa peça.
Meu marido também queria adotar uma criança, e estamos muito felizes",
diz.
Questionada se pretende contar ao seu filho sua verdadeira origem,
Jaciara Pereira afirma que quando ele completar sete anos, a verdade
será revelada. "Ele até já sabe, mas de uma forma lúdica. Quando tinha
quatro anos, Davi me perguntou se tinha saído da minha barriga, e eu
respondi que não, que ele tinha saído do meu coração. Então, ele
respondeu: 'então seu coração ficou enorme', e eu disse 'ficou, sim,
filho, ficou imenso", relata, acrescentando: "Mas a palavra adoção ele
ainda não entende. Sete anos é a idade certa para ele compreender tudo
isso", conta, complementando que está inscrita no Cadastro Nacional de
Adoção, e que pretende adotar uma criança em Mossoró, uma vez que seu
primeiro filho é natural da Bahia, assim como a apresentadora.
MARICELIO ALMEIDA
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