sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cadastro Nacional de Adoção possui 29 casais inscritos na Comarca de Mossoró

crianca_nao_identificadaAdotar uma criança é o sonho de muitos casais. Em Mossoró, porém, esse desejo não pode se tornar realidade atualmente, pelo menos a partir do Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Na cidade, existem hoje 29 casais inscritos no sistema instituído em 2008, mas não há nenhuma criança apta à adoção.
"Não há nenhuma criança cadastrada. Existem, sim, menores de idade acolhidos no Núcleo Integrado de Apoio à Criança (NIAC), que só podem ser encaminhados para adoção após serem destituídos do poder familiar. Quando são encontrados em situação de risco, a primeira coisa a ser feita é tentar o retorno deles à família natural, e quando isso não é possível, é iniciado o processo de adoção", explica a diretora de Secretaria da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Mossoró, Érika Bessa.
De acordo com a diretora, em alguns casos, a lei permite que a adoção ocorra sem a necessidade da criança está inserida no CNA, como, por exemplo, em situações onde a criança adotada é parente do interessado. "A lei dispensa o Cadastro também quando a adoção é unilateral, ou seja, o cônjuge deseja adotar o filho do parceiro, e ainda em casos onde a pessoa já está com a guarda judicial da criança há mais de três anos", conta.
As pessoas interessadas em adotar uma criança precisam inicialmente se habilitar, através da apresentação dos seguintes documentos: RG, CPF, Certidão de Casamento, ou de Nascimento (quando solteiro), comprovante de residência, além do atestado de sanidade mental. Após a habilitação, os candidatos devem participar de um curso de preparação psicossocial, oferecido pela própria Vara da Infância e Adolescência.
"O tempo de duração do processo de adoção é muito relativo. Quando não há nenhum tipo de incidente, em até seis meses todas as etapas são concluídas. Mas cada caso é diferente, tem situação que a adoção ocorre em até dois, três meses, e também em até três anos", revela Érika Bessa.
Segundo a diretora, estão agendadas na Vara da Infância e Juventude 15 audiências relacionadas ao processo final de adoção, sendo que como o órgão está sem juiz titular em virtude do afastamento da juíza Anna Isabel, que está em licença-maternidade, não há previsão de quando essas audiências ocorrerão. "Além dessas audiências, existem outros processos em tramitação na Comarca", destaca.
Em Mossoró, grande parte dos casais que busca a adoção deseja crianças recém-nascidas. "Cerca de 90% das solicitações possuem esse perfil, e também crianças de até um ano e meio", conclui Érika Bessa. 
Apresentadora adotada relata experiência de também adotar uma criança
Aos sete anos, a apresentadora Jaciara Pereira descobriu que havia sido adotada. Para ela, a revelação não causou impactos psicológicos nem emocionais, e sim uma curiosidade, anos mais tarde, em conhecer sua mãe biológica, o que acabou ocorrendo.
"Não carreguei nenhum peso por causa da adoção, até porque fui muito amada pelos meus pais, fui abraçada por muita gente. Mas na adolescência, queria conhecer minha mãe biológica, até para verificar se ela parecia fisicamente comigo, acho que todas as pessoas adotadas têm essa curiosidade, mas não houve sentimento nenhum no encontro, não havia relação afetiva", conta.
Jaciara Pereira diz que no momento do reencontro fez inúmeros questionamentos a respeito da gravidez de sua mãe biológica. "Não é uma pessoa que eu queria mal, pelo contrário, tenho carinho por ela. E não carreguei durante minha vida um sentimento de rejeição, abandono. Ela mesmo diz que nunca quis me dar, mas as necessidades pediam isso", argumenta.
O fato de ter sido adotada influenciou significativamente na construção da família da apresentadora, que decidiu desde cedo que iria também adotar uma criança, independente de ter ou não filhos biológicos. Hoje, o pequeno Davi tem cinco anos de idade, e está sob os cuidados de Jaciara Pereira e de seu marido desde quando tinha cinco meses.
"Do momento em que dei entrada no processo até adotá-lo foram apenas três meses. No meu cadastro havia colocado que queria uma menina, de zero a três anos, e uma semana antes de me ligarem avisando que haviam encontrado a criança, sonhei que iria adotar um menino. Chegando ao local da adoção, me disseram que tinha achado o meu filho, e eu perguntei, 'como assim, filho?', e a responsável disse que tinha lido menino na minha ficha, mas quando vi a criança me apaixonei e hoje Davi é a razão da minha vida", relata.
Jaciara revela que, após o casamento, deu início a um tratamento para engravidar, e descobriu que tanto ela quanto o marido não poderiam ser pais. "O desejo de adotar já existia, e o destino nos pregou essa peça. Meu marido também queria adotar uma criança, e estamos muito felizes", diz.
Questionada se pretende contar ao seu filho sua verdadeira origem, Jaciara Pereira afirma que quando ele completar sete anos, a verdade será revelada. "Ele até já sabe, mas de uma forma lúdica. Quando tinha quatro anos, Davi me perguntou se tinha saído da minha barriga, e eu respondi que não, que ele tinha saído do meu coração. Então, ele respondeu: 'então seu coração ficou enorme', e eu disse 'ficou, sim, filho, ficou imenso", relata, acrescentando: "Mas a palavra adoção ele ainda não entende. Sete anos é a idade certa para ele compreender tudo isso", conta, complementando que está inscrita no Cadastro Nacional de Adoção, e que pretende adotar uma criança em Mossoró, uma vez que seu primeiro filho é natural da Bahia, assim como a apresentadora.
MARICELIO ALMEIDA
http://www.omossoroense.com.br